Reflexos emocionais do isolamento social

Leonard Verea

Após quase 30 dias de confinamento por conta da pandemia do coronavírus (Covid-19), você já parou para se perguntar sobre quais são os principais
desafios emocionais enfrentados até aqui? Eu posso dizer que muitas pessoas acabam tornando o momento atual mais difícil por não
conseguirem ter controle da situação e acabam aumentando o nível de tensão e ansiedade. Todo esse processo exacerbado de pensamentos faz um
verdadeiro curto circuito mental, extrapolando o seu próprio limite de tolerância, que é construído entre cultura, experiência e vivência, ou seja, a
maturidade que cada um constrói ao longo da vida.


Sabemos que existem pessoas que possuem mais jogo de cintura, mas para muitas outras esse momento é ainda mais desafiador. O período de
confinamento gera medo, afinal, enfrentamos um inimigo invisível e as dúvidas que vêm junto com ele sobre o que ainda pode vir a acontecer.
Esses pensamentos desestabilizam as emoções e fazem com que as pessoas desenvolvam sentimentos como insegurança e ansiedade.
Uma boa reflexão para mudar esses sentimentos pesados é absorver os ensinamentos para nos tornarmos seres humanos melhores. Entendo que
sair da rotina habitual gera um impacto, mas uma ótima opção é se adequar ao que estamos vivendo hoje de uma forma mais leve.


Durante esse período de isolamento social, as pessoas conseguem desenvolver a percepção da própria fragilidade, que se manifesta passando
por várias etapas sentimentais, como a tristeza e a saudade da antiga rotina. Porém, quando conseguimos administrar esses sentimentos, positivando as
situações, conseguimos seguir com dias leves, pois sabemos que a quarentena vai acabar e tudo vai voltar ao normal.

Acredito que logo voltaremos a nossa rotina transformados, pois pude observar que durante este período de quarentena, as pessoas passaram por
uma mudança importante e despertaram o sentimento de solidariedade, prova disso são as notícias que a mídia nos conta diariamente.
Para finalizar, gostaria de propor uma reflexão para que todos possam seguir em quarentena com uma percepção mais positiva da situação.


Existem diferenças entre solitude e solidão. No estado de solitude, estamos em pleno contato com nós mesmos, nós desenvolvemos o
autoconhecimento, nos encontramos. Já no estado de solidão, somos tomados por um vazio, um confronto de nossas ideias, o que pode nos levar
a recorrer a artifícios como a compulsão. O ideal é nos observarmos e escolhermos qual delas queremos viver. Por mais que tenhamos medo, é necessário aprendermos a enfrentá-lo e é preciso enxergar que tudo traz um renascimento. Logo voltaremos a nossa rotina normal e podemos usar os aprendizados deste momento difícil para tornar a vida ainda mais positiva e criativa.

Leonard Verea é médico, formado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de Milão,Itália. Especialista em psiquiatria, atua no Brasil desde 1985. Possui especialidade em
psicossomática e hipnose clínica e atua como médico do trabalho.

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