Construir a fraternidade universal
Ferdinand van Zalen
Você já imaginou uma sociedade onde todos/as fazem parte de uma fraternidade universal da humanidade, sem distinção de raça, credo, sexo, casta, cor ou outra característica humana?
Então, esse é o primeiro objetivo da teosofia: construir uma sociedade planetária na qual todos/as se sentem irmãos e irmãs de todos/as. Todavia, não é assim que a sociedade opera porque nós — seres humanos — aprendemos a se nos considerar diferentes. Por exemplo, pessoas que nascem em uma dada região podem se considerar superiores a outros baseados apenas no local de nascimento. Há milênios, diferenças religiosas levam a guerras santas e perseguições. Orientação sexual diferente da convencionada como “normal” justifica desigualdade de tratamento e assassinatos. Os sistemas de castas (Índia, por exemplo) criaram classes sociais rígidas que negam oportunidades de desenvolvimento e dignidade humana para castas consideradas inferiores. A cor de pele escura tem sido alimento para preconceito, discriminação e abuso de poder... E, assim caminha a humanidade que se fundamenta na crença de que somos diferentes e separados uns/umas dos/as outros/as...
É muito triste constatar que esta fragmentação da raça humana, por razões tão sem importância, nos leva a discordâncias na vida cotidiana que geram discussões, brigas, e, em casos mais graves, no nível macro (países, estados), podem desencadear uma guerra causada por diferenças ideológicas, religiosas ou outra razão. Por que isso acontece? Por que essas diferenças são enfatizadas pelas pessoas?
Em essência todos nós estamos conectados à Fonte Divina, e, portanto, nós somos irmãos e irmãs! Onde você nasceu, sua família ou a cor de sua pele são importantes porque essas características expressam escolhas realizadas no plano espiritual para que, ao reencarnar, seja possível viver determinadas experiências no plano terreno. Por isso, as diferenças devem ser valorizadas, mas não para nos separar e, sim, para evoluirmos espiritualmente.
A formação de um núcleo fraterno significa o cultivo de uma semente de compreensão, empatia e reconhecimento da essência divina que habita nosso corpo. Nesse caso, fazer parte deste núcleo significa ter em si a semente que vibra com os princípios da fraternidade universal, demonstrando sua viabilidade e irradiando sua influência para o mundo exterior. Trata-se de criar um exemplo vivo que inspire outros a olhar além das diferenças superficiais (materiais) e abraçar a unidade fundamental em cada um, a essência divina que vive dentro de cada um. Esse núcleo começa com cada indivíduo promovendo uma transformação interior que, então, se espalha pela sua família, comunidade, país e, planeta.
O conceito de fraternidade universal da humanidade é igualmente profundo porque transcende a mera tolerância ou a coexistência. Trata-se de um reconhecimento de nossa interconexão, não como semelhança, mas como compreensão de que, apesar de caminhos e expressões diversas, compartilhamos uma origem comum, um senso de que somos todos/as partes integrantes de uma única e vasta humanidade e, em última análise, de um destino comum. Trata-se de reconhecer que as alegrias e tristezas de uma parte da humanidade afetam a todos/as.
Abraçar com o coração a concepção de fraternidade universal significa desmantelar ativamente as barreiras materiais repletas de crenças artificiais e superficiais ao mesmo tempo em que reconhece o valor e a dignidade inerentes a cada indivíduo como membro de uma comunidade planetária que não tem fronteiras.
Ferdinand van Zalen engenheiro e teosofista há 30 anos, é mestre em Ocultismo e Mitologia.
