Inteligência intrapessoal
João Scalfi
“O problema não é como convivemos com o outro, mas sim como convivemos com o que sentimos e pensamos em relação ao outro. Por isso a boa convivência consigo mesmo é o princípio seguro de equilíbrio para uma interação proveitosa.”
O estudo dos pilares básicos da boa convivência é como janela que se abre para o grande sol da experiência e da felicidade.
Conviver é possibilidade conferida a todos; a boa convivência, porém, é para quem deseja crescer e educar-se.
Boa convivência não é somente polidez social.
Consignemos como pilares dessa arte de relacionar o autoamor, o autoconhecimento, o afeto e a ética.
Estudemos alguns ângulos do amor a si mesmo por se tratar de pilar mestre das relações saudáveis, duradouras e gratificantes; sem conviver bem consigo, amando-se, não haverá harmonia nas interações humanas com o outro.
A vida que nos circunda é rica de elementos indutores do mundo íntimo; nenhum deles, porém, é tão expressivo quanto o contato interpessoal. Respostas emocionais são acionadas a partir da convivência, desenvolvendo um novo mundo de sentidos para quem dela faz parte.
Renova-se a criatura a cada novo contato, cada episódio da interação humana é um convite ao crescimento, ao estabelecimento de novos valores na intimidade.
Mesmo aos desacordos e desencontros constituem escolas oportunas de reflexão e reavaliação da vida pessoal.
A questão em análise é fundamental para o entendimento dos laços que construímos com as pessoas de nossa rotina diária.
O problema não é como convivemos com o outro, mas sim como convivemos com o que sentimos e pensamos em relação ao outro.
Por isso a boa convivência consigo mesmo é o princípio seguro de equilíbrio para uma interação proveitosa. Tal princípio consagra a necessidade de revermos os males da convivência, prioritariamente, em nós mesmos, antes de quaisquer cobranças ou transferências de responsabilidade. É o imperativo de estabelecermos acordos conosco a partir de um balanço e avaliação sobre tudo que envolva os atos que nos vinculam a esse ou aquele coração. Ainda que alguém divida conosco a rotina dos dias ou as circunstâncias passageiras e seja necessitado de corretivo, precisamos habituar a sondar as nossas disposições íntimas antes de qualquer investimento no outro; estar consciencialmente ajustado para somente depois partir de forma elevada em direção às necessidades do crescimento alheio, pois do contrário perdemos autoridade e o controle necessários para ser agente de educação e alerta para o próximo.
Essa postura é a bússola das relações indicando-nos a hora de calar, o momento de agir, o instante de corrigir, a ocasião de discordar e o ensejo de tolerar. Leis que conduzem-na ao patamar da caridade.
Essa interiorização, estudada pelas modernas ciências psicológicas, recebe o nome de inteligência intrapessoal, competência pela qual dominamos amplo espectro de habilidades como a empatia, a assertividade e a autorrevelação.
Estar bem consigo é pilar essencial da boa convivência. Fazendo assim, partimos em direção ao próximo com o melhor de nós, aptos a vitalizar as relações do bem e do amor, convertendo-nos em fulcros irradiadores de paz e contentamento que serão fortes atrativos de enobrecimento e cooperação onde estivermos, transmitindo esperança e educação para os que se encontrem no raio de nossas ações.
Fonte: Mereça ser Feliz (Wanderley de Oliveira/Ermance Dufaux)
