Neurocientista alerta para aumento de ansiedade e depressão na infância

O Dia das Crianças, celebrado no dia 12 de outubro, vai muito além de presentes e brincadeiras. Para a neurocientista e especialista em desenvolvimento infantil Telma Abrahão, a data é um lembrete urgente de que a infância precisa ser protegida, especialmente em um cenário de crescimento alarmante nos casos de ansiedade, depressão e distúrbios emocionais entre crianças e adolescentes.

Criadora da Educação Neuroconsciente e autora dos best-sellers “Pais que evoluem” e “Educar é um ato de amor, mas também é ciência”, Telma explica que estamos diante de uma geração cada vez mais conectada digitalmente, mas desconectada emocionalmente.

“As crianças estão adoecendo de solidão. Elas têm acesso a tudo, menos à presença emocional dos pais. O vício em telas, o excesso de estímulos e a falta de conexão afetiva estão entre os principais fatores que contribuem para o aumento da ansiedade e da depressão infantil”, afirma.

Segundo a especialista, o tempo que as crianças passam diante de telas muitas vezes substitui interações essenciais para o desenvolvimento emocional saudável. “O cérebro infantil se forma a partir das relações. Quando a tela ocupa o lugar do vínculo humano, há um impacto direto na autorregulação emocional, na atenção, na empatia e na autoestima”, explica Telma, que reforça a importância de pais e educadores compreenderem a neurociência por trás do comportamento infantil.

A neurocientista alerta ainda que o problema vai além da tecnologia. A rotina acelerada e a ausência dos pais, mesmo que por motivos profissionais, têm contribuído para o enfraquecimento dos laços emocionais dentro das famílias. “Precisamos resgatar o essencial: o olhar, o toque, o tempo de qualidade. Cuidar da saúde mental das crianças é uma prioridade que deve começar em casa, mas também precisa estar nas escolas e em toda a sociedade”, reforça.