O Dia Nacional do Livro e o impacto da leitura no despertar de consciências
Inspirados pelos versos imortais de Castro Alves, reconhecemos no livro a força viva que faz germinar ideias, brotar o pensar e florescer consciências. Mais que um artefato material, o Dia Nacional do Livro celebra o livro como símbolo de liberdade e despertar interior, um ato de reverência ao conhecimento, à leitura e à cultura que nos conduz à busca constante do aperfeiçoamento e da transformação por meio da educação.
Maribel Barreto
“Oh! Bendito o que semeia
Livros… livros à mão cheia…
E manda o povo pensar!
O livro, caindo n’alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar.”
(Castro Alves, 1870)
Inspirados pelos versos imortais de Castro Alves, reconhecemos no livro a força viva que faz germinar ideias, brotar o pensar e florescer consciências. Mais que um artefato material, o Dia Nacional do Livro celebra o livro como símbolo de liberdade e despertar interior, um ato de reverência ao conhecimento, à leitura e à cultura que nos conduz à busca constante do aperfeiçoamento e da transformação por meio da educação.
A comemoração em 29 de outubro faz referência à fundação da Biblioteca Nacional, em 1810, no Rio de Janeiro. A data foi instituída pela Lei Federal nº 5.191/1966, que mobiliza escolas públicas e particulares a desenvolverem ações voltadas à valorização do livro, da literatura e da leitura, como forma de difundir o saber, despertar o sentir e expandir a criatividade.
Além das escolas, bibliotecas e instituições culturais aproveitam a ocasião para promover feiras literárias, encontros com autores, clubes de leitura e campanhas de doação de livros. Essas iniciativas promovem maior acesso à leitura e fortalecem o desenvolvimento humano e social.
O livro é, portanto, uma porta aberta para a consciência, um convite para que o ser humano se reconheça como buscador e livre pensador, capaz de olhar para si, para o outro e para o mundo com novos olhos.
Mais do que fonte de conhecimento, o livro é ponte entre o saber e o sentir, entre o intelecto e a consciência. Cada leitura é um exercício de reflexão e autoconhecimento. O conhecimento é patrimônio da humanidade, mas só ganha sentido quando desperta a sensibilidade de quem lê. A leitura, por sua vez, não apenas informa, ela forma e transforma. Ler, nessa perspectiva, não é apenas decifrar palavras, mas interpretar o sentido profundo da existência, percebendo nas linhas e entrelinhas tudo o que ultrapassa o comum, o trivial, o superficial.
A leitura desperta a inteligência, amplia a capacidade de aprender e impulsiona o ser humano à ação transformadora. Mais do que ler a história, é preciso escrevê-la e, melhor ainda é vivê-la com clareza de consciência, a ponto de alcançar a sabedoria que harmoniza o saber sentir, o saber pensar e o saber agir. Nesse movimento de integração revela-se o verdadeiro papel da educação.
A educação, por sua vez, tem como propósito formar seres humanos integrais, capazes pela leitura, hábeis na conversação e precisos na escrita, pois é nesse equilíbrio que florescem as ideias e se ampliam os horizontes da consciência. A leitura é apenas o ponto de partida: o saber nasce das páginas, mas a sabedoria brota da experiência. Quando a escola e o educador despertam no indivíduo a capacidade de pensar por conta própria, inauguram a verdadeira senda da inteligência, que é base da consciência.
Educar para a leitura é educar para a consciência. À medida que o conhecimento se eleva, alarga-se também a percepção de si e do outro, numa síntese entre razão e sensibilidade. O verdadeiro saber, portanto, não está na acumulação de informações, mas no sentir lúcido que conduz à sabedoria e à liberdade interior. Conhecer é o primeiro passo, sentir é o caminho e ser é a realização. Nessa trilha, o livro permanece como um farol aceso, guia e testemunha da jornada humana rumo ao autoconhecimento e à plenitude da consciência.
Maribel Barreto é embaixadora da Paz pela UPF/ONU; doutora em Educação, com dois pós-doutorados, um em Educação e criatividade pela Universidade de Brasília (UnB) e o outro em Educação, Consciência e Transdisciplinaridade pela Universidade Católica de Brasília. Escritora e consultora em Ciências da Educação: o Marco da Nova Humanidade.
