ZENTREVISTA: Ferdinand van Zalen
JORNADA TEOSÓFICA
Holandês, filho único, nascido em uma família ateia, somente aos 20 anos teve contato com a Bíblia na casa de um amigo, cuja família fazia uma leitura depois da refeição. Ganhou do amigo o Novo Testamento que passou a ler com interesse. Aos 37 anos recebeu o convite para participar de uma reunião da Sociedade Teosófica (ST), em Amsterdam. Desde então, são quase 30 anos de estudo, participação em congressos em diferentes países e profunda transformação da vida e do sentido do viver nesta passagem terrena. Nesta entrevista, Ferdinand van Zalen, mestre em Ocultismo e Misticismo, engenheiro, aposentado da KLM e consultor no campo da aviação, compartilha sua jornada teosófica e inicia contribuições regulares ao JORNALZEN com o objetivo de levar conhecimentos esotéricos de qualidade para os/as leitores/as.


Vindo de uma família ateia, qual foi seu maior aprendizado sobre espiritualidade?
O principal aprendizado é que existe mais do que apenas o mundo material. Embora o mundo gire em torno do ego de cada um, aprendi que não é “sobre mim”, mas sim sobre o Universo em sua grandeza cósmica. Esse entendimento requer atenção contínua para que a gente não recaia nas armadilhas do ego.
Como você conheceu a teosofia e por que se tornou teosofista?
Aos 37 anos, fui convidado para ir a uma palestra na ST de Amsterdam. A partir dali, frequentei regularmente as palestras e me interessei cada vez mais pelo conhecimento teosófico. Também me juntei a um grupo que estudava O Plano Divino, de Geoffrey Barborka, teosofista inglês, que fornece uma descrição simplificada de outro livro, A Doutrina Secreta, escrito por H.P. Blavatsky, base do movimento teosófico no mundo. Não foi nada simples para mim. Muitas palavras em sânscrito não significavam nada, mas eu pensava: “Isso virá, apenas continue” que tudo ficará mais claro depois de algum tempo e de muitos questionamentos... como acontece para qualquer pessoa que já está nesse caminho por um período mais longo.
O que é teosofia e o que significa ser um teosofista no mundo de hoje?
Teosofia é Sabedoria Divina, assunto que abordarei em maior profundidade em uma de minhas colunas do JORNALZEN. Ser um teosofista hoje significa pensar em temas relevantes para nossa vida, como fraternidade e paz, vegetarianismo, o estado do nosso planeta, vida e morte, etc. Em um nível pessoal, tento compreender esses assuntos, mas sabendo e aceitando que outras pessoas podem sentir, pensar e agir de forma diferente.
A sede da Sociedade Teosófica fica na Índia. Você já esteve lá? Como essa experiência mudou você e sua vida?
A sede da ST fica no sul da Índia, em Chennai. Em 2010, estive durante dois meses lá. Participei da Escola da Sabedoria e do Congresso Anual da ST Indiana. Além da intensa experiência em uma cultura muito diferente da minha e imerso no conhecimento Divino compartilhado por diferentes estudiosos e palestrantes, tomei consciência da riqueza do mundo ocidental. Isso me proporcionou muitos insights e me mudou como pessoa.
Você é mestre em Ocultismo e Misticismo. O que significam essas duas palavras e qual sua correlação com a teosofia?
Ocultismo se refere ao estudo e à prática de um conhecimento secreto, com o objetivo de obter discernimento e poder espiritual. Misticismo é a prática de buscar a união com o divino, a realidade suprema. A teosofia, no plano da existência humana, representa a jornada interior pessoal que transcende os limites da experiência cotidiana e leva a um profundo senso de unidade pessoal e unidade com o cosmos ou o Divino, tema presente em várias tradições religiosas e espirituais. Todos – ocultismo, o misticismo e a teosofia – exploram os mistérios da existência e nossa natureza divina.
Existe uma Sociedade Teosófica no Brasil?
Sim, a sede da ST, fundada em 1919, fica em Brasília. (http://www.sociedadeteosofica.org.br)
Você tem alguma prática de autoconhecimento?
O estudo e a meditação são as minhas duas principais práticas, mas também participo de congressos, reuniões da ST e ministro palestras sobre temas teosóficos.
Como vê a missão do JORNALZEN de “informar para transformar”?
O jornal é um excelente meio para disseminar a espiritualidade em sua forma mais ampla porque veicula informações que podem ser utilizadas por seus leitores/as para seu desenvolvimento humano e cura.
Por que acha que nossos leitores deveriam saber mais sobre teosofia?
Eu aprendi que estudar teosofia proporciona outra perspectiva da vida. Você ganha uma visão profunda da relação que temos com a Terra e com tudo o que nela vive, assim como com o Universo e o caminho da evolução da consciência. Aprendi que há uma fonte de onde provém toda a existência e, cada um de nós somos parte disso.