78% das buscas por apoio psicológico entre universitários parte de mulheres

A pressão da vida acadêmica tem levado um número crescente de estudantes a buscar apoio psicológico. Dados da Rede Psicoterapia de São Paulo mostram que 78% das buscas por atendimento entre universitários são feitas por mulheres, enquanto os homens representam apenas 22% da demanda.

As principais queixas levantadas envolvem dificuldade na construção de vínculos sociais, problemas de concentração nos estudos, inseguranças relacionadas a relacionamentos amorosos e sexualidade, além de casos de bullying, conflitos familiares e dúvidas sobre a vida profissional. O levantamento também indica que estudantes do curso de Relações Internacionais são os que mais procuram auxílio psicológico, em comparação com outras áreas de ensino superior. Especialistas apontam que a natureza multidisciplinar e altamente competitiva do curso, associada às exigências de idiomas e a incertezas sobre o mercado de trabalho, pode contribuir para esse cenário.

Para a psicóloga clínica Rozane Fialho, CEO da Rede Psicoterapia, os números refletem um quadro que vai além da vida individual. “A jornada universitária, por si só, já impõe pressões significativas. Quando somamos isso às transformações sociais e à exigência de desempenho, percebemos um impacto direto na saúde mental dos jovens”, afirma.

Rozane acrescenta que o dado sobre a predominância feminina na busca por ajuda também chama atenção. “Não significa que os homens sofrem menos, mas sim que, muitas vezes, ainda enfrentam barreiras culturais e de gênero para admitir fragilidades e procurar cuidado psicológico”, destaca. A especialista reforça que a integração entre saúde física e mental é essencial para atravessar a vida acadêmica de maneira saudável. “Ter rede de apoio, boas práticas de autocuidado e acesso facilitado à psicoterapia não é luxo, mas necessidade para que o estudante consiga aprender, criar vínculos e se desenvolver de forma plena”, diz.