Dança entre alegria e gratidão

Alessandra Miranda Soares

Você que dedica sua vida com amor e bravura ao cuidado de seus filhos sabe que sua jornada é única e desafiadora... Em meio às inúmeras responsabilidades de seu dia a dia e ao incessante dar de si, você certamente se esquecer de uma força vital que pulsa dentro de você: a alegria.

A alegria é uma emoção mais profunda, duradoura e resiliente, é uma sensação de plenitude e gratificação serena, que pode ser sentida até mesmo com a dor e o desafio. Academicamente, a psicologia positiva a define como um estado emocional caracterizado por sentimentos de prazer e bem-estar, muitas vezes acompanhado de uma sensação de significado e propósito. A alegria é um estado de espírito que nutre a alma...

Inúmeras pesquisas exploram a conexão entre a alegria e qualidade de vida. Barbara Fredrickson desenvolveu a teoria Broaden-and-Build (Ampliar e Construir), que explica que quando experenciamos emoções positivas, ampliamos a capacidade de pensamentos e ações, e simultaneamente construímos recursos pessoais duradouro. Os estudos mostram que estados como a alegria nos fazem sentir bem no momento e podem expandir nossa consciência, promover a criatividade, resiliência psicológica, e fortalecer laços sociais. Martin Seligman, um dos pais da psicologia positiva, e Sonja Lyubomirsky investigaram como a intencionalidade na busca por emoções positivas, como a alegria, pode levar a um aumento significativo da satisfação com a vida e redução de sintomas de depressão e ansiedade. Na multiplicidade das experiências humanas a alegria não é uma emoção isolada, ela está intrinsecamente ligada à gratidão e à resiliência.

A gratidão é a prática de reconhecer e valorizar as coisas boas em sua vida. Quando você tem uma pausa em seu dia para sentir gratidão por pequenos acontecimentos como, por exemplo, um sorriso de seu filho, um momento de silêncio, um amigo que liga, um banho quente demorado em uma noite fria, você ativa o circuito de alegria em seu cérebro. A gratidão muda seu foco do que falta para o que é abundante, transforma sua perspectiva e abre espaço para você florescer, até mesmo em meio às dificuldades. A resiliência, por sua vez, significa a capacidade de se recuperar das adversidades, de se adaptar e de crescer através delas. Ao viver momentos alegres, você recarrega suas energias emocionais, encontra esperança e se sente em paz. A alegria faz ver a luz mesmo nos túneis mais escuros e você fica mais forte para persistir.

O amor compartilhado com seu filho com deficiência, a solidariedade de outras mães que trilham caminhos semelhantes nutre um tipo especial de alegria. Por isso, sinta alegria como um ato de autocuidado e autoamor. Esse é o primeiro passo para uma mudança profunda em sua vida. Abrace momentos de alegria, ou seja, note e saboreie pequenos prazeres: o cheiro do café da manhã, o canto de um pássaro, um raio de sol na janela, o toque suave da mão de seu filho, uma risada inesperada. Esteja presente absorvendo esses momentos com seus sentidos. Pratique a gratidão intencional em um pequeno diário onde anota três a cinco coisas pelas quais é grata. Lembre-se, sentir gratidão é uma escolha que alimenta a alegria. A alegria é um presente que você tem o poder de cultivar. Comece hoje, com pequenos passos, a reescrever sua narrativa. Permita-se a gentileza de se cuidar, de se nutrir, de se permitir sentir a alegria que você merece.


Profa. Dra. Alessandra Miranda Mendes Soares. Ufersa-RN. Especialista em Empoderamento de Mães de Pessoas com Deficiência.

alessandrasoares@ufersa.edu.br