Teosofia: ponte para a verdade
Ferdinand van Zalen
Você sabia que, historicamente, religião, filosofia e ciência estavam conectados? Então, o segundo objetivo da teosofia (ou sabedoria divina) é exatamente incentivar o estudo comparado da religião, filosofia e ciência.
Como escrevi em minha coluna anterior sobre a irmandade da humanidade, vivemos em um mundo fragmentado: separamos nossas vidas com base em diferentes crenças, visões de mundo, compreensões da realidade, preconceitos e pré-julgamentos. No entanto, todo ser humano, em algum momento de sua vida, anseia por significados, verdade e conexão. É precisamente esse anseio que o estudo integrado da religião, filosofia e ciência busca abordar porque há um alinhamento entre essas três disciplinas: a unidade subjacente às três, leis universais e a busca compartilhada de significados. A teosofia nos encoraja a costurar estas linhas criando um entendimento holístico do cosmos e nosso lugar nele.
Ao comparar e contrastar as grandes tradições de sabedoria — do budismo ao cristianismo, do islamismo ao hinduísmo e às espiritualidades indígenas — começamos a enxergar pontos em comum como, por exemplo, compaixão, justiça e busca por significado em meio a profundas diferenças dogmáticas ou cosmológicas. Essa lente comparativa é crucial para desmantelar os preconceitos que, frequentemente, surgem da ignorância e para fomentar a irmandade humana.
O amor pela sabedoria divina é, em essência, um esforço humano duradouro para fazer perguntas profundas sobre a existência e achar as respostas. A filosofia como base do pensamento crítico nos ensina como pensar, não o que pensar. Com o pensamento filosófico aprendemos a dissecar argumentos, identificar suposições, explorar consequências lógicas e construir visões de mundo coerentes. Lutamos com dilemas morais, refletimos sobre a natureza da consciência e questionamos os próprios fundamentos de nossas crenças, movimento interno que nos capacita a viver vidas mais reflexivas, éticas e autoconscientes.
Nesse contexto, a ciência moderna nos ajuda a compreender do mundo natural, material, mas também nos enseja a buscar a “verdade” por meio da pesquisa que produz conhecimentos que permitam a compreensão da realidade dentro da qual vivemos. A verdadeira magia não reside em estudar essas disciplinas isoladamente, mas entender sua inerente articulação para dar sentido às nossas vidas.
Para mim, o principal objetivo dos ensinamentos teosóficos não é criar mais um dogma, mas ser a ponte que une religião, filosofia e ciência porque estas três disciplinas estão procurando a verdade: a religião nos dá o input moral e profundida espiritual; a filosofia oferece um vasto mapa de significados intelectuais enquanto a ciência oferece observações detalhadas e verificáveis do mundo físico, onde vivemos...
Ao promover o diálogo entre religião comparada, filosofia e ciência, desvendamos uma compreensão muito mais rica da experiência humana e do próprio Universo. Embora os caminhos possam divergir, o impulso espiritual humano fundamental é universal, ajudando-nos a apreciar a riqueza de nossa herança coletiva e a encontrar um terreno comum para o diálogo e a cooperação.
Minha próxima coluna será sobre o terceiro e último objetivo da teosofia: investigar as leis inexplicáveis da natureza e os poderes latentes no homem.
Ferdinand van Zalen engenheiro e teosofista há 30 anos, é mestre em Ocultismo e Mitologia.
