União entre instituições transforma espaços educativos na 1ª infância

O Instituto Tecendo Infâncias, a Fundação Feac e o Instituto Arcor, com sedes no interior de São Paulo, possuem em comum o compromisso com a primeira infância em contextos de vulnerabilidade social. Com base em um investimento social privado estratégico, guiado por evidências, monitoramento e avaliação de impacto, as três organizações atuam em territórios, respeitando os contextos locais e fortalecendo o protagonismo comunitário.

Foi com espírito colaborativo que nasceu a articulação para o cofinanciamento da segunda edição do projeto “Verdejando Escolas”, desenvolvido pelo CoCriança e atualmente em implementação em seis Escolas de Educação Infantil comunitárias da cidade de Campinas.

Partindo da metodologia do Percurso CoCriança, o “Verdejando Escolas” transforma pátios escolares em espaços vivos e integrados à natureza. Os ambientes são cocriados a partir das percepções e desejos das crianças, promovendo o brincar livre e o contato direto com a natureza como pilares do desenvolvimento infantil. O projeto busca ampliar o tempo ao ar livre e ressignificar os espaços escolares, transformando-os em ambientes saudáveis e integrados à natureza, que promovem saúde, bem-estar e vínculos mais afetivos entre crianças, educadores e comunidade.

Além da transformação física, o projeto promove processos formativos com educadores, incentivando práticas pedagógicas que valorizem o brincar livre, o contato e preservação do meio ambiente e a participação infantil, tornando a escola mais aberta e sensível às múltiplas infâncias.

A primeira edição do projeto, realizada entre 2022 e 2023 em três Escolas de Educação Infantil, contou com o financiamento exclusivo da Fundação Feac. Com os resultados positivos e o desejo de ampliar o impacto, a Feac propôs uma nova edição com alcance expandido, convidando o Instituto Tecendo Infâncias e o Instituto Arcor para compor uma governança compartilhada de financiamento. “Sabíamos que a gestão compartilhada entre três instituições demandaria alinhamento e compromisso. Estabelecemos contratos transparentes, responsabilidades bem definidas, critérios pactuados e um calendário regular de reuniões, o que nos permitiu atuar com coesão, respeito e foco no impacto social,” afirma Tatiane Zamai, Gerente de Desenvolvimento Social da Fundação Feac.


Aprendizados e boas práticas

A experiência de cofinanciamento entre as três instituições trouxe aprendizados importantes para o campo da filantropia estratégica. Um dos principais pilares foi a transparência: desde os primeiros passos, houve clareza nos acordos estabelecidos, nas atribuições de cada parte e no fluxo de informações, o que fortaleceu a confiança mútua e permitiu uma tomada de decisão mais segura e ágil.

Outro aspecto fundamental foi a valorização da capacidade técnica das organizações envolvidas, especialmente do CoCriança, cuja metodologia consolidada e sensível à escuta das crianças tornou-se um diferencial para o sucesso do projeto. A valorização de instituições com proposta pedagógica clara, alinhada às evidências e com histórico de boa prestação de contas, gerou segurança entre os financiadores e contribui para a fluidez da execução. “Acreditamos que a confiança nasce da coerência entre discurso e prática. Quando há escuta verdadeira e clareza nos processos, a parceria se fortalece e os resultados aparecem”, destaca Milena Porrelli Drigo Azal, gestora do Instituto Arcor Brasil.

Também merece destaque o cuidado com a documentação e a sistematização de todo o processo. Ao registrar aprendizados e estratégias, o projeto se torna replicável e inspira outras iniciativas em diferentes contextos. Trata-se de um compromisso com o legado, que ultrapassa o tempo de execução e se projeta como uma contribuição mais ampla para práticas educacionais voltadas à primeira infância e a natureza e para políticas públicas.


Filantropia em rede

Mais do que financiar iniciativas, a filantropia estratégica tem o papel de impulsionar redes de colaboração que valorizam a escuta, a confiança e a construção conjunta de soluções. Quando atua com base em relações de parceria equilibradas — em que organizações são reconhecidas por sua legitimidade, experiência e gestão responsável — o impacto se multiplica.

“Quando há respeito à escuta das organizações e confiança em sua capacidade de operar com qualidade, a filantropia deixa de ser apenas financiadora e passa a ser parte ativa na construção de soluções. Essa é a base da atuação em rede e do investimento social que transforma”, conclui Adriane Menna Barreto, diretora-executiva do Instituto Tecendo Infâncias.